Publicado em 26/05/2023 10:14:13

Atualzado em 26/05/2023 10:32:49

Na última terça-feira (23) a Câmara Municipal de Ibiraçu promoveu uma sessão solene a comemoração do dia do gari que ocorreu no dia 16 de maio, e contou com a presença de um dos primeiros garis de Ibiraçu e atualmente exerce o cargo de vereador municipal.

A solenidade foi organizada pela vereadora Elisabete Ramos Malbar onde visou a entrega dos certificados aos servidores pelo reconhecimento ao seu desempenho e pelos relevantes serviços prestados ao município de Ibiraçu. Foram convidados 44 profissionais da limpeza que estiveram presentes na sessão.

Tivemos na composição da mesa, o presidente da câmara, Breno Lucio Andrade Oliveira, o secretário de Obras, Serviços e Infraestrutura, Schester Seixas de Vasconcelos Cunha, que representou o prefeito Diego Krentz, a vereadora Elisabete Ramos Malbar, o diretor do SINDLIMP, Manoel da Silva, a assistente social do Idesbre, Lívia Pires, a presidente da ASCOMÇU, Ana Paula da Conceição Imbert, o comandante da DPM de Ibiraçu, Anderson Risóli, o procurador geral da Câmara Municipal, Dr Cláudio Caliman e a presidente da Associação Amigos da Justiça, Poliana Siqueira.

Dos vereadores presentes na cerimônia e que participaram das entregas dos certificados, Aloir Piol, José Carlos Ferreira dos Santos, José Fábio Demuner, Renato Ramalho, Otávio Luiz Gusso Maioli, Valéria dos Santos Rosalém e Vanderlei Alves da Silva que também foi homenageado recebendo o certificado pelo reconhecimento e desempenho como um dos primeiros garis no município de Ibiraçu.

Nascido no estado do Rio de Janeiro, Vanderlei Alves da Silva veio para o município para jogar futebol profissional do Esporte Clube de Ibiraçu, após sua permanência na cidade, e sem oportunidade de estudos, passou por algumas profissões como, vigilante do Banco do brasil e a antiga Aracruz Celulose; obteve um grande aprendizado na reciclagem e viu a importância que o trabalho fazia para o município. De garoto profissional do futebol e vigilante de banco, hoje, Vanderlei exerce o cargo no poder legislativo na Câmara Municipal de Ibiraçu.

Entrevista com o Vereador Vanderlei.

Quando chegou a Ibiraçu?

A vinda para Ibiraçu aconteceu em 1980 e a razão foi para jogar futebol profissional pelo Ibiraçu Esporte Clube, que era uma agremiação de relativo destaque no futebol capixaba.
Assim, no período de 1980 a 1986 foi jogador profissional do Ibiraçu Esporte Clube e também trabalhou como guarda(vigilante) da agência do Banco do Brasil na cidade.
De 1986 a 1988 trabalhou em empresa terceirizada (Translocal) junto à antiga Aracruz Celulose S/A, onde pode aprender técnicas de reciclagem de materiais diversos e se envolveu mais diretamente nessa área.
De 1988 a 1994, por iniciativa própria, passou a atuar como reciclador, desenvolvendo junto ao comércio, bancos e empresas da região a cultura de separação de materiais recicláveis (jornais, papeis de embalagens, ferro velho, etc) para reaproveitamento, período em que pode vivenciar as dificuldades dos que trabalham na área, mas também a importância desse trabalho para a sustentabilidade da vida.

Como surgiu o emprego de Gari na cidade de Ibiraçu? Quantos anos de idade você tinha e em que ano aconteceu?

Após o pequeno período em que trabalhou em empresa terceirizada (Translocal) para a Aracruz Celulose S/A, atuando na gerência de transporte, pode ver de perto o enorme quantitativo de material que se perdia e não tinha aproveitamento (papel, ferro, alumínio, etc), daí a ideia de montar um negócio que pudesse dar adequada destinação e transformação a esse material, oportunidade em que passou a atuar, no Município de Ibiraçu, como reciclador. Isso ocorreu no ano de 1988, quando tinha 34 anos de idade.

Do começo de Gari até hoje, quais foram as mudanças na sua vida? Como isso ocorreu?

Na verdade, apesar da pouca instrução muitas foram as transformações vivenciadas. De jogador de futebol/vigilante passou a Gerente de Transportes; na sequência atuou como reciclador e em seguida, atuou na área administrativa do Grupo Cecato (de Ibiraçu), exercendo, também, por 05 (cinco) mandatos consecutivos, a função de Vereador da Câmara Municipal de Ibiraçu (de 2005 a 2024).
Todas essas mudanças ocorreram a partir da persistência e da crença na possibilidade de crescimento pessoal e profissional, aliado ao trabalho humano realizado – preocupação com as pessoas e com a qualidade de vida delas).

O que te levou a se tornar um político do Legislativo Municipal?

Todo o trabalho desenvolvido ao longo dos anos, sobretudo na área da reciclagem, proporcionou um contato mais próximo com uma diversidade de pessoas, fazendo um grande círculo de amizade e de relacionamento. E foi uma atuação mais próxima das pessoas que fez com que as dificuldades e os problemas da vida, da sobrevivência (vivenciados na pele), me levassem à possibilidade de contribuir mais amplamente para uma transformação social. E a política é o caminho.

Qual o sentimento em receber o certificado de reconhecimento pelos serviços prestados na função que exerceu?

De profunda gratidão e de certeza do dever cumprido. Foi o trabalho como reciclador que me fez ver a importância dos pequenos gestos e a relevância para toda a vida do cuidado com a Casa Comum (nossa cidade, Estado, planeta). Foi primeiramente esse trabalho, digno e de importância sem igual, que me impulsionou à entrar na política e me comprometer com as transformações que a comunidade precisa. Sentimento de que contribuí, dentro de todas as limitações impostas, com a melhoria de vida das pessoas e da cidade.

Gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos servidores da classe?

Uma das coisas que mais marcou minha vida foi o fato de eu não ter tido uma oportunidade de estudo, mas mesmo sem ter muito conhecimento, passando muitas dificuldades, fui persistente e a força de querer crescer me impulsionou a ir em frente e enfrentar os desafios da vida. Por isso, deixo a seguinte frase:

“Não desistam de seus sonhos, agarrem as oportunidades e estudem com persistência, pois o caminho do sucesso vem com a disciplina e só assim poderá quebrar as correntes da desigualdade. O ser humano só morre quando para de sonhar...”

Thiago Peroni
Assessor de Comunicação